Emergência. Senti esse mesmo fogo dentro do peito quando o motor arrancou e o ônibus se locomoveu, estava indo rumo a saída de emergência do meu próprio ser.

Antes, quando me encontrava na terra da garoa vivia sonhando com o momento em que as malas estivessem prontas, e as passagens pra sei lá onde compradas. Meus pés em uma corrida espalhafatosa até a rodoviária, minha mente fixa na luz vermelha, vibrando as palavras “saída de emergência”.

Emergi no Rio, mais precisamente em Búzios! Olhos de bronze fiéis a água azul esverdeada da Orla. Agito ou calmaria ali dependem da temporada e do horário, claro que a essa altura Brigitte Bardot já tinha apresentado a cidade a todos. Agradecidos sejam os franceses por conhecerem essa terra tão naturalmente vasta!

Um ar quente acompanhado do Sol que trepidava, um sotaque gostoso, uma história rica, rica de saberes infindáveis e prazeres escondidos. Um dia já fora menos que uma ilha de pescadores e hoje contempla com maestria a maior gama de pousadas e hotéis, sejam eles de classe ou mais simples.

A cidade tinha personalidade pra todas as idades e tendências. Sai da minha hospedagem pensando no que o povo buziano estaria fazendo a essa hora da tarde… Depois de ver um pouco do que significava a Rua das Pedras cai na Orla, senti que naquele horário todo mundo se acolhia nas sorveterias, cafés e restaurantes da cidade, alguns fingiam até falar francês em meio a tanta vontade de sassaricar e ganhar a atenção das lindas meninas da terra. Outros se retraiam ao bom e velho costume de abrir um livro e ou fechar um olho para viver a vida na observação de quem passa, de quem são!

Em um daqueles famosos passeios de pirata, conheci Leonardo. Alma de semáforo, me levou pra todo canto nos dias que seguiram, me brecava, me acelerava, fui apresentada as mais diversas praias. Desde a serena praia da Foca até a badalada João Fernandes, uma história e paisagem mais linda que a outra. Regada de marquinha de biquíni, badalo no Chez Michou e comidas refinadas do restaurante Sollar de Danio Braga.

Me apaixonei por Búzios, consequentemente por Leonardo. Sem despedidas longas, pois com certeza não seriam por muito tempo, fui embora.

Voltando pra casa senti a emergência já conhecida, era a eterna antítese que as viagens me mostravam. Minha saída sempre foi viajar, experimentar e conhecer intensamente tudo que me permitissem. A saída de emergência do meu próprio ser.