Aos apaixonados pelo elixir de Baco, a estação da vez foi nas taças da Campanha Gaúcha, localizada na região do Pampa, um dos biomas brasileiros que vai da metade do Rio Grande do Sul até a fronteira com Uruguai e Argentina. Essa região já é responsável por produzir quase 90% dos 42 milhões de litros de vinho tinto feitos no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin).

Quando as pessoas pensam em experimentar os vinhos nacionais, por mais que a Serra Gaúcha seja o destino turístico que primeiro vem a mente, é na região pampeira, chamada de Campanha Gaúcha, onde as tradições típicas permanecem praticamente intactas, junto aos grandes campos, a vegetação baixa, e um horizonte que parece não ter fim.

Em nosso roteiro completamos sete cidades (Uruguaiana, Itaqui, Santana do Livramento, Dom Pedrito, Bagé, Candiota e Pinheiro Machado), conhecendo desde o camponês a cavalo com o chimarrão sempre em mãos, até os rebanhos que correm soltos pelo verde, a carne sendo cozida em fogo de chão e claro: os vinhedos.

Esse mergulho nas videiras serviu para explorar um terreno que nem sempre entra no mapa do turista brasileiro. E por isso, para visitar a região só é possível por meio de duas vias. Uma delas é saindo de Porto Alegre, de carro, até a cidade de Uruguaiana, na fronteira com o Uruguai. Enquanto o outro é começar logo por Uruguaiana, já que o município conta com um aeroporto, com voos regulares que chegam da capital gaúcha.

Fazer essa rota completa exige no mínimo uma semana da sua agenda de férias. Existem agências, tanto em Uruguaiana quanto em Porto Alegre, que oferecem transporte e hospedagem pelas cidades vizinhas e assim fica mais fácil de se planejar.

A Campanha ocupa mais de 44 mil km² por 14 cidades e com certeza demanda tempo para exploração, ainda mais porque a maioria das vinícolas oferece visitação guiada pela produção, com direito a degustação. E se o foco for certeiro, a programação vai além das uvas, e segue o melhor estilo campestre: com refeições ao ar livre, muita carne em fogo de chão, observação de estrelas, passeio de charrete, shows de danças típicas ao entardecer e trilhas que levam a cachoeiras e piscinas naturais.

Foto: Julio Objetiva

Campos de Cima

Cidade de Itaqui

Melhor start impossível, essa vinícola teve uma história especial desde sua construção. Viva em um Estado com fortes raízes machistas, ela conseguiu ter sua formação vinda da força de três mulheres que transformaram em realidade o sonho de produzir vinhos.

Hoje com uma grande estrutura, repleta de paisagens gaúchas, como o rio que desposa logo a frente da recepção e uma casinha que marca o nascer de uma produção. A vinícola começa a tomar forma de maneira totalmente familiar, primeiro como uma fazenda e depois de alguns anos com os vinhedos importados da França e da Itália.

A visitação pode ser feita sem agendamento de maneira mais simples, com um tour pela propriedade e uma degustação menor. Ou de forma mais completa, agendada previamente e com o acompanhamento do enólogo da vinícola, assim como uma degustação com mais rótulos. Essas visitas variam de uma a uma hora e meia e vão de 15 á 35 reais.

Caso os visitantes queiram uma imersão maior, existe a possibilidade de se hospedar por uma ou duas noites na chamada Wine House, a casinha da qual comentei que é composta por dois quartos, sala, cozinha e churrasqueira. O custo para 2 pessoas nessa acomodação é de 250 reais sem refeição, apenas uma cesta de recepção. As demais refeições podem ser agendadas com antecedência já que não há serviço hotelaria.

Endereço: BR 472, Km 481, Trevo de Acesso a Itaqui Zona Rural, Itaqui – RS

Horário: Dias de semana e sábado 8h-12h, 14h-18h30.

Site: www.camposdecima.com.br

Onde dormir:

Ficando a 300km da vinícola Campos de Cima, na cidade de Santana do Livramento, têm o charmoso Confort Fronteira Hotel, onde descansamos algumas das noites antes de entrar mais a fundo na aventura pelas rotas de vinho da região.

As diárias variam de 170 reais a 450 reais com café da manhã incluso e as áreas de lazer, como academia.

Av. João Belchior Goulart, 2070 – Fluminense, Santana do Livramento – RS

Site: https://confortfronteirahotel.com.br/

Pueblo Pampeiro

Santana do Livramento

Há 45km do hotel Confort Fronteira, a vinícola atraí visitas a apenas quatro anos, por seus com vinhedos plantados e cuidados com práticas orgânicas, o lema é manter uma produção mais caseira e vintage.

A vinícola é um verdadeiro harém digno de filme, campos harmoniosos de lavanda e trilhas que levam a cachoeiras. A Pueblo Pampeiro além de ter uma identidade visual muito marcante, detém de uma produção caseira de geleias e vinhos que são servidos em uma grande mesa de madeira durante a degustação.

A história da vinícola começa com os tataravôs dos proprietários, que vinham fugindo da Primeira Guerra e acabaram caíram no vilarejo de pampeiro para começar a produzir na terra.

O desafio dessa visita é chegar, a estrada é de terra e dura cerca de uma hora, podemos dizer que você se livra dos pecados durante os pulos do percurso, mas que ao final, tudo vale a pena pela paisagem. Um retrato do Pampa brasileiro, com portões de madeira e uma vasta vista a te receber.

A degustação oferecida custa em média 180 reais, com direito a passar a tarde na propriedade, almoço caseiro e a degustação dos vinhos. A vinícola também disponibiliza transporte que ao agendar por telefone, combina um local e busca os visitantes na cidade de Santana do Livramento.

Vila Pampeiro S/N, Sete de Setembro 940 – Centro de Santana do Livramento

Horário: Segunda a sábado 07h-19h

Site: https://pueblopampeiro.negocio.site/

Cordilheira de Sant’Ana

Santana do Livramento

Com uma distância de 30km da vinícola Pueblo Pampeiro, chegamos à Cordilheira de Sant’Ana que não leva este nome atoa, já que logo de início, a vista da propriedade são os vinhedos e a formação da Cordilheira de Sant’Ana.

A vinícola foi um projeto de aposentadoria, onde o sonho de um casal de produzir e comercializar vinhos de ótima qualidade vinha crescendo e tomou as proporções de uma formação rochosa do pampa. Os vinhedos começaram a ser plantados em 2000 e a inauguração foi em 2004. Hoje a vinícola tem a cara de uma boutique, onde é possível fazer visitas e degustações dos vinhos sujeitas a agendamento por telefone.

Próximo a BR 158, no km 553 converter à esquerda e pegar uma estrada municipal, dobrar a direita e seguir as placas.

Horário: segunda a sexta-feira das 08h-16:30, sábados, domingos e feriados: das 09h-18h.

Site: https://www.cordilheiradesantana.com.br/

Almadén

Santana do Livramento

Há 8 minutos da vinícola Cordilheira de Sant’Ana chegamos a Almadén, uma propriedade que começou a crescer em 1976, quando algumas empresas internacionais queriam abrir uma produtora de vinhos finos no Brasil e por isso iniciaram uma série de estudos na terra, descobrindo que todos os fatores levavam a um terroir perfeito.

Com isso, Almadén nasce com poucos vinhedos e se torna uma das maiores vinícolas do país, quando o quesito é número de produção com 450 hectares de uvas.

A ideia é produzir um vinho bom com um valor na faixa do consumidos, sempre dentro dos parâmetros de modernidade e sustentabilidade, o que os tornou pioneiros na colheita mecânica, uma colheita utilizando máquinas europeias e vinhedos plantados de forma especial.

A vinícola faz parte do Grupo Miolo Wine, e disponibiliza visitações gratuitas para grupos acima de 15 pessoas, caso a sua pedida seja para menos pessoas, é necessário entrar em contato por telefone. Durante a visita são passadas algumas fases da produção dos vinhos, incluindo a diferente colheita.

Unnamed Road, Santana do Livramento – RS

Horário: Todos os dias 8h30-16h.

Site: https://www.miolo.com.br/

Guatambu Estância do Vinho

Dom Pedrito

Depois de 60km saindo da vinícola Almadén, chegamos a Estância Guatambu, uma vinícola completa que iniciou seu crescimento em 2003 com um projeto de produção e vinificação de uvas na Campanha Gaúcha, contando sempre com uma mão de obra familiar e visando diversificar suas formas de produção.

Todo o crescimento das uvas e dos vinhos no mercado teve a supervisão feita pela Gabriela Hermann, que mais tarde veio a se tornar engenheira agrônoma além de filha e membro da terceira geração da família proprietária da Estância.

Toda a produção, o cultivo de animais e as atrações turísticas são erguidas e levadas dentro dos conceitos de sustentabilidade e ecologia, onde desde a luz captada e a água tratada são utilizadas com consciência e parcimônia. Em 2017 a vinícola recebeu o Selo Solar, que caracteriza está como adepta da captação de luz por meio de placas de energia solar.

Durante a visitação, é realizado um tour com degustação com o acompanhamento de um enólogo da vinícola que explica mais sobre os processos de produção e onde são provados quatro rótulos pelo valor de 45 reais ou 65 incluindo uma taça de cristal.

Outro passeio que pode ser feito na vinícola é o piquenique no campo, disponível aos sábados e por 80 reais por pessoa, incluindo uma tabua de aperitivos. O passeio ideal para vir com o companheiro.

Além disso é possível se deliciar da comida do Sul no novo restaurante da vinícola, onde são servidos almoços harmonizados com um cardápio preparado a dedo, essa opção e necessária um pré-agendamento por e-mail ou telefone.

Rodovia BR-293, Km 265, s/n Zona Rural, Dom Pedrito

Horário: Todos os dias das 8h30-18h.

Site: http://www.guatambuvinhos.com.br/

Onde dormir:

A uma hora e vinte minutos da Guatambu chegamos a cidade de Bagé para descansar no Dallé Hotel, com uma estrutura pequena e confortável, o hotel fica na avenida principal da cidade e tem um acesso rápido e fácil, tudo que você precisa nas pernoites desse roteiro. As diárias começam em 110 reais e tem o café da manhã incluso.

Av. Santa Tecla, 451 – Getúlio Vargas, Bagé – RS

Site: http://www.dallehotel.com.br/

Estância Paraizo

Bagé

Não tem como falar dessa vinícola e não contextualizar a história dela a da cidade onde fica localizada, Bagé foi marcada pela abolição tardia da escravidão, com diversos esconderijos de escravos, como o Rincão do Inferno – um cânion no Rio Camaquã – que hoje é ponto turístico e a crescente evolução da Estância Paraizo.

A vinícola é um ambiente repleto de tradição, que caminhou da criação do gado até a produção de uvas. Com um galpão de pedra cheio de referências pampeiras transformado em cave, uma mangueira à sombra de um cinamomo e um lindo Mausoléu, tudo isso da nome a estância.

Mas o real encanto fica na visitação e degustação, onde existem algumas opções, entre elas a observação de estrelas seguida de um jantar harmonizado por cerca de 240 reais ou um passeio pelas trilhas e cachoeiras seguidas de um almoço regado a vinho. As programações variam os valores de acordo com a quantidade de pessoas que quiserem agendar, por isso é necessário ligar para ver quais os passeios que estão disponíveis para as datas que você quiser ir conhecer a vinícola.

BR153, KM 610 (Porto Alegre/Bagé) e KM 611 (Bagé/Porto Alegre)

Site: http://www.estanciaparaizo.com/

Azeite Batalha

Pinheiro Machado

Para dar aquela pausa nas taças, faça uma parada para aprender sobre produção e degustação de um bom azeite de oliva. A ideia da Azeites Batalha é além de fabricar um bom azeite, mostrar como funciona a plantação e a elaboração de um gosto mais natural e autêntico.

A visita é um tour pela plantação, com direito a conhecer a colheita mecânica e os demais processos da azeitona verdinha ao líquido já na garrafa rotulada.

Estrada da Guarda Velha, 20, Pinheiro Machado – RS

Aberta nos dias da semana das 8h-16h30

Site: https://azeitebatalha.com.br/

Batalha Vinhas & Vinhos

Candiota

Com uma estrutura simples e repleta da vegetação sulista, a vinícola guarda uma história antiga e cheia de idas e vindas. Além de estar trabalhando em uma nova cave. A visita a está unidade pode ser uma degustação simples, custando 30 reais com direito a 3 rótulos e sem um agendamento prévio.

Ou a degustação mais completa, com um almoço harmonizado e taças de rótulos específicos, onde o cardápio é o famoso churrasco por 150 reais, onde só se consegue agendar ligando com antecedência.

Rua Coronel Favorino, 100 – Getúlio Vargas, Bagé – RS

Site: http://vinhosbatalha.com.br/

Peruzzo

Bagé

Iniciando as primeiras videiras em 2003, a família Peruzzo foi motivada pelo sonho de produzir vinhos e cuidar da terra, inaugurando sua vinícola na Campanha Gaúcha no ano de 2008. A propriedade é muito bonita e detém além do espaço onde são cultivadas as uvas, um local para receber visitas de forma mais acolhedora e atrativa.

Durante o tour com direito a brinde na sacada, os visitantes descobrem nos aromas dos vinhos a oportunidade de conhecer e vivenciar de perto todas as etapas, da produção da uva até a fase final de elaboração, aproxima as pessoas da cultura da uva e do sul.

A Vinícola Peruzzo está de braços abertos para receber os turistas, partindo de um agendamento prévio. Além da degustação e visita ao vinhedo e à cantina, a empresa oferece, refeições típicas da região.

Estrada do Forte Santa Tecla, S/n – 1º Distrito – Zona Rural, Bagé

Horário: Segunda à Sexta das 10h e às 15h

Site: http://vinicolaperuzzo.com.br/

Viagem a convite do Projeto Imagem: Enoturismo na Campanha Gaúcha.

Foto: Julio Objetiva

Serviços:

Quando ir:

As estações da região da Campanha Gaúcha são bem definidas, mas não extremas. É melhor fazer as malas entre outubro e abril e aproveitar para fazer a colheita das uvas. De maio a agosto, o outono e o inverno são lindos e também mas gelados, ideal para beber o resultado da vindima.

Comer:

Churrascaria Betemps
Endereço: Av. Santa Tecla, 1626

Churrascaria Grande Cinturão
Endereço: Av. Santa Tecla, 2181

Parrilla Los Pampas
Endereço: Av. José do Patrocínio, 240

La Brasa
Endereço: R. Caetano Gonçalves, 1214

La Piedra Pizza e Chopp
Endereço: Doutor Verissimo, 56

Quitanda Restaurante
Endereço: R. Marcílio Dias, 1166

Hospedar:

Pousada do Sobrado
Endereço: Rua Zoroastro Lamote, s/n – Zona Rural
Telefone:(53) 3242-2713

Hotel Obino
Endereço: Av. Sete de Setembro, 901, Centro
Telefone: (53) 3242-8211

Fenicia Hotel
Endereço: Rua Juvêncio Lemos, 45 – Centro
Telefone: (53) 3242-8222